terça-feira, 9 de abril de 2013

Não existe almoço de graça

A notícia da morte da ex-primeira ministra Margaret Thatcher, na segunda, 8 de abril, virou motivo de festa para a corrente neo-esquerda, que prolifera no Brasil. Não faltaram as artes engraçadinhas, comemorando a passagem daquela que foi eleita a rainha do reacionarismo. Não é para menos. Uma das frases mais populares proferidas pela dama de ferro batia pesado justamente no ícone dessa neo-esquerda. “O socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros”. E não é que ela tinha razão?




O princípio que norteia o raciocínio de Thatcher ganhou força na boca de Milton Friedman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1976, mas tem sua origem num velho ditado popular inglês: “there's no such thing as a free lunch” (algo como não existe essa coisa de almoço grátis). A velha URSS e a China da Revolução Cultural estão aí para confirmar essa tese... ou melhor, não estão mais.

Essa é uma frase que costumo usar com frequência. Porém, a insistência em bater bumbo para uma sonhada revolução socialista – cada vez mais frequente, principalmente na América Latina e sua balbúrdia Bolivariana – demonstra claramente que muitas pessoas ainda não entenderam o sentido didático dessa frase.

Então vamos checar alguns exemplos simples que ajudam a entender o seu significado. Imagine-se caminhando pelo Centro da cidade, absolutamente faminto e sem nenhum dinheiro no bolso. Você encontra um velho amigo, sorridente e camarada, que oferece pagar o seu almoço. Você, todo feliz, acompanha para o restaurante mais próximo. Nesse caso, o exemplo chega a ser ridículo. Não saiu um centavo da sua carteira, pois o seu amigo amargou com a conta.

Agora imagine que nem você nem o seu amigo estão dispostos a bancar o rango. Então vamos para um restaurante pago pelo governo. Hoje, as unidades existentes oferecem o almoço por R$ 1,00. Mas vamos imaginar que seja de graça, afinal, dá quase no mesmo. Nem você nem seu amigo puseram a mão na carteira. Mas o desembolso ocorreu. Afinal, os elementos que geram custos estavam lá. Haviam pessoas atrás do fogão preparando a comida; estavam lá alguns ajudantes de cozinha que cortam os ingrediantes e lavam os pratos sujos. Alguém precisa gerenciar a bagunça, controlar os pedidos, fazer as compras dos ingredientes... Claro, existem os próprios ingredientes. Tudo tem um custo e quem pagou por eles foi o ingênuo contribuinte. Ironicamente, você e seu amigo estão entre eles.

Agora imagine que você e seu amigo vivem num país socialista em que tudo é produzido pelo Estado. Num país socialista não existem impostos. Afinal, tudo o que é produzido é gerido pelo Estado - uma festa infinita de Empresas Estatais!!! – e o Estado não vai cobrar impostos de si mesmo. Mas existe o contribuinte. Ao invés de impostos, a moeda é sua força de trabalho. É o Estado quem contrata, é o Estado quem paga os salários, incluindo o seu e do seu amigo, e é o Estado quem cuida da distribuição, exploração e venda de todos os bens de consumo.

Para gerenciar suas empresas, o Estado escolhe os mais fiéis e competentes membros do partido. Além de outros membros do partido – mais fiéis ainda – que ficarão responsáveis pela fidelidade dos membros que gerenciam e dos membros que produzem, entre eles, você e o seu amigo. E haverá o rito burocrático criado pelo Estado para que os membros fiéis que gerenciam e os membros fiéis que fiscalizam cumpram suas funções. Ok, mas e a conta, quem paga?

Ora, o Estado, algum ingênuo se apressa em responder. Ele contrata o funcionário, paga o seu salário e o funcionário usa esse salário para pagar o que consome, devolvendo o dinheiro para o Estado. O problema é que, como dinheiro não nasce em árvores, ele nunca será suficiente para alimentar esse ciclo. Mesmo porque, o que se gasta com cenouras e tomates, cobre apenas o custo com a produção de cenouras e tomates. Não cobre outros serviços essenciais que o Estado deve tornar disponível para sua população. Nem tampouco a própria máquina estatal, criada para gerir sua estrutura. Sem produzir nada em troca.

Não se iluda, sempre haverá custos de produção, mesmo quando financiados pelo Estado, além do próprio custo do Estado. E se o Estado não tem outra fonte de renda, além da força de trabalho da sua população, então ele quebra. E estão lá o que sobrou da URSS e da China da Revolução Cultural para provar isso. E a velha Inglaterra, da reacionária Margareth Thatcher, vai muito bem, obrigado.

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