terça-feira, 3 de junho de 2014

Um curioso ambiente literário

Vivemos um curioso ambiente literário. No passado, livros se debatiam em encontros e saraus, eram tema de conversas acaloradas em confeitarias e salões da moda. Mas o mundo desaprendeu a ler. Porém, sem perder aquela paixão estranha que move em direção às novas ideias. O conhecimento ainda é um vício. Embora poucos assumam e façam bom uso dele.
Mas o que muda em nosso cotidiano? Há um universo interessante de pessoas que são apaixonadas pela leitura. Principalmente por fotos onde aparecem pessoas lendo!  E outros que ainda amam o livro, com ou sem o cheiro do papel, e aquela sutil junção de letras pequenas que formam sonhos maravilhosos.

Acredito que nunca tantos desejaram tanto dominar essa arte em tão pouco tempo. Pelo menos o número de pessoas que se manifestam nas redes sociais idolatrando o livro e arriscando algumas linhas na esperança de que alguém tope com aquilo e diga, com indisfarçável surpresa: “Nossa! Foi você quem escreveu? É lindo!”

Mas não se engane. Essa é uma arte difícil de se domar. Exige anos de dedicação e esforço. Uma sequência enorme de tentativas e erros que não podem ser resumidas nas linhas combinadas e atiradas nas redes sociais. Vai muito além disso. O maior erro que se comete quando se encara esse monstro está justamente em acreditar que se domina aquilo escrevendo. Não se iluda, meu caro. Esse é o pior caminho.

A melhor forma de dominar a arte da Literatura não está em escrever. Está em ler. Ler é primordial. Ler é essencial. Ler é fundamental. É lendo que se compreende os pequenos segredos escondidos naquelas junções de palavras e linhas. É lendo que se descobre os atalhos, as surpresas, os grandes mistérios.

E é nesse curioso universo, onde se gosta mais de fotos onde aparecem pessoas lendo do que de fato ler, é que topamos com as encantadoras plataformas de autopublicação. Antes vamos deixar claro uma coisa: acho a autopublicação uma ferramenta fantástica! Ponto. Mas ela é o que é: uma ferramenta. Como qualquer ferramenta, ela exige a capacidade de se fazer um bom uso dela.

O simples fato de publicar não significa que você se tornou um escritor. Lembre-se, o caminho é muito mais longo do que você imagina. Portanto, antes de encarar nosso bom amigo Kindle Direct Publishing, pense nas centenas (talvez milhares) de páginas que você precisa ler até chegar com um domínio razoável à etapa de ser lido.

E, claro, continue publicando suas mal traçadas linhas no Facebook. E guarde todas elas! Note que, na medida em que você lê e lê e lê, elas vão ficando cada vez melhores. 

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