quarta-feira, 4 de junho de 2014

Por que você não gosta de e.book?

Gosto de sentir o cheiro do livro. Essa é uma frase recorrente entre os defensores do livro impresso. É uma bela frase. Tem um apelo emocional forte. Sim, é gostoso sentir o cheiro de um livro, principalmente quando é novo, recém tirado da sacola da livraria. Como também é gostoso sentir o cheiro do livro velho, retirado de uma biblioteca, depois de passar por várias mãos, ou resgatado em um sebo.
Ok, livro é tudo de bom. Textura, cheiro, o som das folhas passando de um lado a outro. Mas o melhor é o que está lá dentro. O mais saboroso ainda é aquela junção de letrinhas, palavras e linhas. Quando se vê por esse lado, percebemos que o livro em si, o objeto, é apenas uma casca que perde o sentido quando se abre para as histórias que saem de dentro dele.

Pensando por esse lado, acho que posso dizer que estou perdendo um pouco o romantismo. Estou virando um leitor frio, insensível ao apelo do papel. Sim, cara-pálida, eu sempre preferi o conteúdo do que o símbolo. Perdi vários livros ao longo da minha vida. Muitos que foram emprestados e jamais devolvidos. Outros que foram esquecidos depois de tantas mudanças. Literalmente deixados para trás. Um dia eu percebi que sentia falta daquelas histórias. Aos poucos estou resgatando uma a uma. Agora tomando o cuidado para não mais perdê-las. Todas estocadas numa biblioteca virtual.

 – Bandido! – acho que ouvi alguém dizendo isso...

Não sou desses apaixonados por tecnologia. Estou muito distante do geek tradicional. Mas sempre fui muito prático. No começo ainda me incomodava ler o livro na tela de computador. A fase de transição é sempre mais complicada. Mas a descoberta dos aplicativos de leitura foi o grande achado. A possibilidade de começar a ler no computador ou notebook e continuar a leitura na tela do celular, enquanto espero numa fila qualquer, é simplesmente encantadora!

Mas não é isso que atrai. O que eu mais gosto é a quantidade de livros escondidos naquela telinha. O acesso a uma biblioteca gigantesca é o grande babado desses novos tempos tão malucos que vivemos. É como se você estivesse o tempo todo dentro de uma livraria. Podendo escolher seu livro preferido quando melhor lhe aprouver.

Há uma lista enorme de vantagens. Começando pelo preço. Um e.book pode (e deve!) custar até um terço do preço de um livro impresso. Passando pela facilidade de leitura dos aplicativos. Num tablet, a sensação é de estar com um livro na mão. Com a vantagem de que você não corre o risco de esquecer o tablet com o amigo ou deixar para trás numa mudança. Tem também o apelo ecológico. Não derrubamos árvores para produzir um e.book – embora alguns ainda insistam na tese de que o equipamento necessário para a leitura de um e.book seja tão poluente quanto... Ok, espertinho, quantos tablets eu preciso para ler 20 livros?

Desculpem os românticos, mas ainda há um argumento que me coloca radicalmente favorável ao livro eletrônico: eu sou escritor. Para um escritor, as vantagens da publicação eletrônica são infinitamente maiores. Começando pelo prazo de publicação. Vamos considerar apenas o processo de publicação de um autor por uma editora convencional. Do convencimento dos editores até a noite de lançamento da peça há um longo caminho a percorrer. Autores consagrados já olham com outros olhos para plataformas de publicação de e.books. Além do prazo menor, o bocado repassado em direitos autorais é muito maior e mais rápido. Sem contar a facilidade logística. Seu livro está disponível no mundo todo no tempo de um click.

Para completar, está chegando ao Brasil um conceito que ganha cada vez mais adeptos no exterior: as bibliotecas por assinatura. Lembra do Gabinete de Leitura? Aquela biblioteca particular onde você pagava uma mensalidade e podia retirar seus livros regularmente? O conceito é basicamente o mesmo. Paga-se uma quantia por mês e pode baixar quantos livros conseguir ler. Isso direto no seu computador, notebook, celular ou tablet. Não precisa sequer sair de casa. Fala sério, isso não é fantástico?

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