quinta-feira, 9 de maio de 2013

E não é que o crime compensa?

Um grupo de espertalhões decidiu misturar ureia, água e formol para aumentar o volume do leite e engrossar seus lucros. Moradores de uma pequena cidade no interior de São Paulo viraram saqueadores e se especializaram em roubar soja carregada em vagões de trens. E os saqueadores de Santa Adélia ainda filmavam suas peripécias. Tempos modernos.


Batman, um seriado tosco pelos padrões atuais, mas muito apreciado por crianças e adolescentes entre as décadas de 60 e 70, encerrava seus episódios com lições de moral edificantes. A máxima era: o crime não compensa... Pois bem, como os padrões atuais devem incluir muito sangue e finais inusitados, a lição de moral que acompanhava os seriados também ficou ultrapassada. A máxima dos tempos modernos nos é apresentada por uma moradora de Santa Adélia, que registrou os saques aos trens carregados de soja em vídeo: É meu!

Pois é, camarada, o crime compensa. E se justifica de forma simples: é meu. O resto, não interessa.

No episódio de adulteração do leite, chama a atenção a justificativa das empresas envolvidas. Algo como: não temos nada a ver com isso. Mas elas têm sim muito a ver com isso. Quando uma empresa perde a noção de sua responsabilidade social e ignora o fato de que ela é sim responsável pela qualidade do produto que entrega ao consumidor, chegamos ao fim do poço. Não são fenômenos isolados. Do espertalhão que acha que pode colocar veneno no leite, ao grupo de moradores que não percebe que saquear trens carregados é crime. Perdemos a noção de civilidade.

Alguém pode até argumentar: mas nesses casos os envolvidos foram presos. Sim, os culpados serão punidos. Pelo menos é o que imaginamos que aconteça. A questão, porém, está na perda de limites entre o que é correto e o que é errado. É o fim da percepção entre mocinhos e bandidos. Roubar é ato corriqueiro e delimitado por aquilo que acreditamos ser nosso por direito. E, se não nos é dado, então tomamos. A partir daí, vale tudo.

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